Plataforma de Pesca, Mongaguá-SP - Capítulo 3

O tempo passava, ele me perguntava sobre o sono, que eu nem lembrava que existia, tinha muita informação acontecendo e muita coisa em que eu estava aprendendo e focado, quem é que sente sono numa hora mágica desta?!?! eu estava no meio do mar, pescando com meu pai!
Lembro que já tinha aprendido a iscar o camarão sozinho, até ficava feliz quando eles voltavam presos ao anzol depois do arremesso, pois sabia que tinha iscado direitinho, apesar de não ter tido nenhuma ação que eu nem sabia como seria, os arremessos, também fazia sozinho, logo posso dizer que já era um pescador independente e não dava trabalho ao meu pai, alias, nem percebia ele me olhando...
E foi assim, num momento que relaxei, após um arremesso, contemplando a luz da lua que senti a primeira fisgada da minha vida, lembro da adrenalina entrando no sangue, da respiração ofegar e é claro de não saber o que fazer neste momento, paralisado, processando o que havia acontecido e como eu deveria ter reagido, senti novamente o que já sabia ser um ataque e da mesma maneira que eu já sabia o que havia acontecido, também sabia como deveria reagir e então dei uma puxada com toda a força que tinha e comecei a enrolar o molinete. Senti de fato que estava um pouco mais pesado, e que havia um movimento diferente, mas a sensação não era conhecida, foi quando meu pai olhou para baixo e disse, PEGOU!!!
Era um pequeno Roncador, segundo meu pai e pra me explicar o motivo do nome, mostrou como ele roncava.. Esta foi a primeira vez que senti a sensação de adrenalina, vitória, superação e sei lá mais o que a pescaria proporciona, a partir deste momento eu me tornará UM PESCADOR, como disse meu pai, não demorou muito, ele pegou o Roncador dele também, lembro que ele era maior que o meu, o que na minha mente era natural, afinal, ele era maior, tinha que o pegar um maior.
Ainda restavam algumas iscas e, como agora havíamos acertado as técnicas, isca e o lugar (Engraçado que estávamos no mesmo lugar desde que chegamos, além de fazendo a mesma coisa) iríamos pegar todos os peixes do mar, então continuamos pescando, enquanto a lua subia...
Foi assim que aconteceu, lembro da isca acabar, do céu começar a mudar de cor, pois o Sol vinha terminando a noite, quando meu pai disse que era hora de ir embora e desta mesma maneira, arrumamos nossa tralha e com posso de nossos 2 troféus, marchamos para casa a medida que o sol nascia.
Ainda hoje meu pai diz "Foi surpreendente como aquele menininho atravessou a noite comigo, entendeu tudo o que eu ensinei, não dormiu, não reclamou e ainda pegou um peixinho!!!" Acho que deixei ele orgulhoso neste dia, acho que amadureci neste dia, não sei, só sei que foi neste dia que eu descobri o porque meu pai ama tanto pescar.

OBS.: As imagens são são de uma pescaria que efetuamos nos ultimos dias de 2018, 31 anos após a história

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